Projetos de criptomoedas que ainda estão na fila para serem listados durante este mercado em baixa

A convergência entre cripto e finanças tradicionais está a acontecer mais rapidamente do que todos imaginavam.

Plataformas de negociação a adquirir infraestruturas, plataformas de contratos perpétuos a lançar índices de ações, stablecoins a integrarem-se em redes de pagamentos, o fundo BUIDL da BlackRock a transformar dividendos on-chain numa operação quotidiana, e até mesmo a Intercontinental Exchange disposta a apostar até 2 mil milhões de dólares por uma plataforma de mercados preditivos. A listagem de empresas cripto já não é símbolo de “traição à blockchain”, mas sim uma demonstração de que as finanças tradicionais querem, proativamente, capturar o próximo ciclo de crescimento dentro do seu próprio sistema.

Para os projetos cripto que estão a preparar-se para o IPO, isto representa tanto uma oportunidade como um exame completo. Porque, ao optar pelo mercado público, deixam de poder contar apenas com o preço do token para contar histórias, passando a ter de enfrentar relatórios trimestrais, auditorias, responsabilidade perante o conselho de administração e até investidores de valor que ignoram narrativas e olham apenas para o fluxo de caixa. Este grupo é mais racional, mais rigoroso e mais realista do que os participantes on-chain.

O lançamento dos ETFs spot nos últimos dois anos já permitiu que os ativos cripto fossem “legitimados” pela primeira vez dentro de um quadro regulatório mainstream. Agora, a onda de IPOs significa outra coisa: os projetos cripto começam a ser tratados como empresas, e não como meros ativos especulativos. Isto mudará a lógica narrativa do setor e redefinirá quem tem direito a ocupar o palco central na próxima fase.

De seguida, vamos focar-nos nestes projetos cripto que estão na fila para o IPO.

Grayscale (Gestão de Ativos/Negócio de ETF)

A Grayscale Investments foi fundada em 2013 e é a maior gestora de ativos cripto do mundo, gerindo cerca de 35 mil milhões de dólares em ativos. A empresa oferece mais de 40 produtos, cobrindo 45 tokens, incluindo o ETF de Bitcoin (GBTC), Ethereum, Solana, entre outros, proporcionando canais de investimento em criptoativos para investidores institucionais e de retalho. O principal investidor é a empresa-mãe Digital Currency Group, que detém cerca de 70%.

Estado do IPO:

Estado atual: Pedido de IPO formalmente submetido;

Últimos desenvolvimentos: A 13 de novembro de 2025, submeteu o registo S-1 à SEC, planeando listar na Bolsa de Valores de Nova Iorque sob o ticker "GRAY". Os principais underwriters incluem Morgan Stanley, BofA Securities, Jefferies e Cantor. Os dados financeiros mostram receitas de 173,3 milhões de dólares nos primeiros 9 meses de 2025 (uma queda de 20% face ao ano anterior) e um lucro líquido de 203,3 milhões de dólares;

Previsão de IPO: Final de 2025 a início de 2026;

BitGo (Serviços de Custódia)

A BitGo foi fundada em 2013 e é um dos principais fornecedores institucionais de serviços de custódia de ativos digitais. Suporta mais de 1.400 ativos digitais, serve mais de 4.600 clientes institucionais e 1,1 milhões de utilizadores, gerindo cerca de 104 mil milhões de dólares em ativos. Oferece custódia em conformidade, carteiras multi-assinatura, staking, execução de transações, entre outros serviços, com um seguro de até 250 milhões de dólares para os clientes.

Histórico de financiamento:

Em 2021, a Galaxy Digital anunciou a aquisição da BitGo por 1,2 mil milhões de dólares, mas acabou por desistir do negócio. Após o fracasso da transação, a BitGo angariou novos fundos, destacando-se uma ronda de financiamento de 100 milhões de dólares em 2023, elevando a avaliação da empresa para 1,75 mil milhões de dólares.

Estado do IPO:

Estado atual: Pedido de IPO submetido;

Últimos desenvolvimentos: Submissão confidencial do S-1 a 22 de setembro de 2025, revisão pública a 13 de novembro, planeando listar na Bolsa de Valores de Nova Iorque sob o ticker "BTGO". Em 30 de junho de 2025, os ativos na plataforma atingiram 90,3 mil milhões de dólares, com receitas anuais a crescer mais de 4 vezes. Os principais underwriters incluem Goldman Sachs e Morgan Stanley;

Previsão de IPO: Quarto trimestre de 2025 a primeiro trimestre de 2026;

Consensys (Empresa-mãe da MetaMask)

A Consensys é uma empresa de software blockchain focada no ecossistema Ethereum, fundada em 2014 por Joseph Lubin, cofundador da Ethereum. Entre os seus principais produtos estão a MetaMask (carteira self-custody com mais de 30 milhões de utilizadores ativos mensais), Infura (infraestrutura de API para developers), Besu (cliente empresarial Ethereum) e Linea (solução zkEVM Layer 2). Também apoia a gestora de fundos Ethereum SharpLink.

Histórico de financiamento:

Na ronda de financiamento de 2022, a Consensys foi avaliada em cerca de 7 mil milhões de dólares. Nesse mesmo ano, a empresa angariou 450 milhões de dólares, liderada pela ParaFi Capital, tendo anteriormente recebido financiamento significativo para o desenvolvimento da sua infraestrutura Web3;

Total angariado: cerca de 725 milhões de dólares;

Principais investidores: SoftBank Vision Fund 2, Microsoft, Temasek, JPMorgan, entre outros;

Estado do IPO:

Estado atual: Preparação ativa, underwriters já selecionados;

Últimos desenvolvimentos: A 29 de outubro de 2025, JPMorgan e Goldman Sachs foram escolhidos como underwriters principais, marcando o início da preparação substancial para o IPO. Com a SEC a retirar o processo contra a funcionalidade de staking da MetaMask em fevereiro de 2025, o ambiente regulatório melhorou significativamente. A empresa realizou reestruturação interna e otimização de custos, e lançou a 28 de outubro o programa de incentivos MetaMask Rewards de 30 milhões de dólares;

Previsão de IPO: O mais cedo em 2026, ainda não submeteu o S-1;

OKX (Plataforma Centralizada de Negociação)

A OKX foi fundada em 2013 e é a segunda maior plataforma de negociação de criptomoedas do mundo. Oferece negociação spot, derivados, carteira DeFi, mercado NFT, entre outros serviços, suportando mais de 130 redes. Possui licenças nos EUA, Emirados Árabes Unidos, Singapura, entre outros, e emprega mais de 5.000 pessoas em todo o mundo.

Estado do IPO:

Estado atual: Desconhecido;

Últimos desenvolvimentos: Em junho de 2025, o CMO afirmou que “considerarão definitivamente um IPO no futuro, muito provavelmente nos EUA”. Em abril de 2025, reentrou no mercado americano, alcançou um acordo de 500 milhões de dólares com o Departamento de Justiça, estabeleceu sede em San Jose e nomeou um ex-executivo do Barclays como CEO nos EUA. Atualmente, o foco está na expansão e conformidade no mercado americano;

Previsão de IPO: Não definido;

Kraken (Plataforma Centralizada de Negociação)

A Kraken foi fundada em 2011, com sede em São Francisco, e é uma das plataformas de negociação de criptomoedas mais conhecidas e reguladas do mundo. Suporta negociação de mais de 400 criptomoedas, serve 15 milhões de utilizadores em mais de 190 países. Em 2025, registou receitas de 1,5 mil milhões de dólares (crescimento anual de 128%) e EBITDA ajustado de 424 milhões de dólares.

Histórico de financiamento:

Total angariado: cerca de 622 milhões de dólares;

Último financiamento (setembro de 2025): 500 milhões de dólares, avaliação pós-investimento de 15 mil milhões de dólares, liderado pela Tribe Capital;

Investimentos importantes: Aquisição da NinjaTrader (1,5 mil milhões de dólares) e Small Exchange (100 milhões de dólares) em 2025;

Estado do IPO:

Estado atual: Preparação ativa para IPO em 2026;

Últimos desenvolvimentos: Planeia listar no Nasdaq no primeiro trimestre de 2026, atualmente a trabalhar com Goldman Sachs e JPMorgan para angariar até 1 mil milhões de dólares em dívida/capital. No primeiro trimestre de 2025, receitas de 472 milhões de dólares (crescimento anual de 19%), EBITDA ajustado de 187 milhões de dólares. O co-CEO enfatiza “não ter pressa para listar”, com foco na clareza regulatória;

Previsão de IPO: Primeiro trimestre de 2026;

FalconX (Prime Broker/Plataforma OTC)

A FalconX foi fundada em 2018 e é um prime broker institucional de ativos digitais, fornecendo serviços de negociação, financiamento, custódia e liquidez para instituições financeiras, hedge funds, entre outros. Já facilitou mais de 2 biliões de dólares em volume de transações, servindo mais de 2.000 clientes.

Histórico de financiamento:

Total angariado: cerca de 527 milhões de dólares;

Ronda D (junho de 2022): 150 milhões de dólares, avaliação pós-investimento de 8 mil milhões de dólares;

Principais investidores: Tiger Global, B Capital, GIC (Fundo de Investimento do Governo de Singapura), entre outros;

Estado do IPO:

Estado atual: Fase inicial de discussão;

Últimos desenvolvimentos: Em outubro de 2025, adquiriu a 21Shares (emissora suíça de ETPs com 11 mil milhões de dólares sob gestão), e em maio estabeleceu parceria estratégica com o Standard Chartered. Segundo relatos, poderá submeter o S-1 já no final de 2025, mas ainda sem confirmação de bancos ou calendário oficial;

Previsão de IPO: Final de 2025 a 2026, ainda em discussão;

Animoca Brands (Jogos/Investimento)

A Animoca Brands foi fundada em 2014 e é uma empresa de jogos Web3 e investimentos sediada em Hong Kong, desenvolvedora de jogos blockchain como The Sandbox, com um portfólio de mais de 600 projetos Web3. Em 2020, foi retirada da Bolsa de Valores da Austrália devido a envolvimento com tokens digitais não regulados, tendo desde então conseguido transformar-se num gigante regional do setor. Atualmente, detém participações em mais de 620 empresas, incluindo a plataforma NFT OpenSea, a exchange Kraken e a desenvolvedora de software Consensys. Em 2024, registou receitas anuais de 314 milhões de dólares, com reservas de caixa e stablecoins próximas de 300 milhões de dólares. Emprega mais de 700 pessoas, com financiamento acumulado superior a 700 milhões de dólares e avaliação mais recente de cerca de 9 mil milhões de dólares.

Estado do IPO:

Estado atual: Planeia regresso ao mercado público via reverse merger;

Últimos desenvolvimentos: A 3 de novembro de 2025, anunciou a assinatura de uma carta de intenções não vinculativa para reverse merger com a Currenc Group Inc. (CURR), cotada no Nasdaq. Após a transação, os acionistas da Animoca deterão cerca de 95% da entidade combinada, com avaliação pós-negócio de cerca de 2,4 mil milhões de dólares. O objetivo é concluir a transação no terceiro trimestre de 2026;

Previsão de IPO: Terceiro trimestre de 2026 via reverse merger no Nasdaq;

Blockchain.com (Carteira + Corretagem)

A Blockchain.com foi fundada em 2011, inicialmente como um explorador da blockchain do Bitcoin, tendo evoluído para uma plataforma global de serviços financeiros em criptomoedas. Criou mais de 90 milhões de carteiras, processou mais de 1 trilião de dólares em transações e oferece serviços de carteira self-custody, corretagem e plataforma de negociação em mais de 200 países.

Histórico de financiamento:

Total angariado: cerca de 1,17 mil milhões de dólares;

Ronda E (novembro de 2023): Primeira tranche de 110 milhões de dólares, avaliação pós-investimento de cerca de 7 mil milhões de dólares;

Principais investidores: Lightspeed, DST Global, Google Ventures, Coinbase Ventures, entre outros;

Estado do IPO:

Estado atual: Preparação para IPO nos EUA em 2026;

Últimos desenvolvimentos: Objetivo de listar numa bolsa americana em 2026, tendo considerado uma fusão SPAC em outubro de 2025, mas optou pelo caminho tradicional de IPO. Nomeou co-CEOs e reforçou o conselho de administração com membros experientes, incluindo o ex-presidente global da KPMG, Timothy P. Flynn. Nos últimos quatro anos, as receitas cresceram cerca de 1.500%;

Previsão de IPO: 2026, bolsa e data exatas a definir;

Bithumb (Plataforma de Negociação de Criptomoedas da Coreia do Sul)

A Bithumb foi fundada em 2014 e é uma das maiores plataformas de negociação de criptomoedas da Coreia do Sul, suportando negociação de mais de 320 ativos digitais, principalmente denominados em won coreano. Opera sob a supervisão da Comissão de Serviços Financeiros da Coreia, oferecendo negociação spot, staking e serviços de negociação automatizada.

Histórico de financiamento:

Total angariado: 200 milhões de dólares;

Ronda A (15 de abril de 2019): 200 milhões de dólares, para crescimento da plataforma e reforço da segurança;

Estado do IPO:

Estado atual: Preparação para listagem na KOSDAQ;

Últimos desenvolvimentos: Em 2023, escolheu a Samsung Securities como underwriter, e a 31 de julho de 2025 realizou uma reestruturação, dividindo-se em Bithumb Korea (negócio principal de negociação) e Bithumb A (negócios de investimento, etc.) para aumentar a transparência. Planeia listar no segmento tecnológico da KOSDAQ na Coreia;

Previsão de IPO: Final de 2025 ou início de 2026, aguardando aprovação regulatória;