Waller pede que o Fed corte as taxas antes que seja tarde demais

Duas semanas antes de uma reunião crucial do Federal Reserve, o governador, esperado para suceder Jerome Powell em 2026, destacou-se com uma declaração inequívoca. Ele quer um corte na taxa já em setembro. Em uma entrevista concedida à CNBC, ele afirmou que a economia americana exige um ajuste imediato, rompendo assim com a cautela demonstrada por outros dirigentes monetários.

Waller quer iniciar o corte

Enquanto o Fed enfrenta um dilema: manter as taxas ou reduzi-las, Christopher Waller não deixou dúvidas sobre sua posição durante sua intervenção.

“Acho que precisamos começar a cortar as taxas na próxima reunião“, declarou ele de forma direta.

Membro do Conselho de Governadores do Fed, Waller possui peso político significativo dentro da instituição. Sua declaração ocorre em um momento em que os indicadores econômicos dos EUA começam a mostrar sinais de desaceleração, especialmente no mercado de trabalho.

E para ele, é justamente aí que reside a urgência: “quando o mercado de trabalho muda, ele o faz de forma brusca“, enfatizou, defendendo uma ação preventiva.

Em seu argumento, Waller pede uma abordagem flexível, evitando qualquer compromisso rígido de longo prazo. Ele destaca a capacidade do Fed de ajustar o ritmo dos cortes com base na evolução dos dados on-chain.

Ele especifica: “não precisamos nos comprometer com uma sequência fixa de medidas. Podemos observar como a situação evolui“. Esse posicionamento contrasta com a cautela observada nas reuniões recentes e destaca vários pontos-chave:

• Antecipação em vez de reação: agir antes que as tensões no mercado de trabalho se tornem críticas;

• Flexibilidade estratégica: evitar uma trajetória automática de queda em favor de uma política adaptável;

• Distanciamento da inflação impulsionada por tarifas: “Não estou preocupado, mas outros ainda estão“, reconheceu, destacando divergências internas;

• Momento decisivo: a duas semanas de uma reunião chave, seus comentários visam influenciar o debate interno do Fed.

Uma postura que vai além da situação imediata

Essa aparição midiática de Waller não é apenas uma simples opinião econômica. Ela se encaixa em um contexto político global, já que seu nome circula ativamente entre os favoritos para substituir Jerome Powell como presidente do Fed em fevereiro de 2026.

Essa perspectiva dá peso adicional às suas declarações. Ao se posicionar de forma tão clara, Waller estabelece as bases para uma orientação estratégica de médio prazo: um Fed potencialmente mais proativo, e até mais flexível, em um contexto de incerteza macroeconômica global.

O próprio Waller também relativizou as razões geralmente invocadas para manter as taxas altas, especialmente as preocupações relacionadas à inflação importada por meio de tarifas. “As pessoas ainda estão preocupadas com a inflação relacionada a tarifas. Eu não estou, mas outros estão“, disse ele, revelando uma divisão dentro do próprio banco central.

Esse desacordo interno pode fortalecer os debates na próxima reunião de política monetária, especialmente porque as tensões geopolíticas e as incertezas sobre o crescimento global deixam pouca margem para erro.

Para os mercados financeiros, essa postura abre várias hipóteses: ou o Fed segue Waller e inicia um ciclo de flexibilização, como antecipado pela instituição bancária Goldman Sachs, o que poderia apoiar ativos de risco, incluindo criptomoedas, ou permanece cauteloso por mais algum tempo, correndo o risco de ver alguns indicadores macroeconômicos se deteriorarem mais rápido do que o esperado.