a16z aposta duas vezes: como a Daylight utiliza tokens para impulsionar uma "usina virtual"?

A última aposta da a16z em DePIN foi na Helium.

Autor: Eric, Foresight News

Na semana passada, o projeto Web3 de "usina virtual" Daylight anunciou uma nova rodada de financiamento. Além dos 15 milhões de dólares em financiamento de ações liderados pela Framework Ventures e com participação da a16z crypto, o projeto também recebeu um fundo de desenvolvimento de 60 milhões de dólares liderado pela Turtle Hill Capital.

Daylight espera impulsionar a construção de "usinas virtuais" por meio de incentivos com tokens, permitindo que os usuários adquiram painéis solares, aquecedores de água e outros equipamentos através da plataforma. Ao construir uma rede de energia distribuída, a Daylight integra pequenos equipamentos de energia de indivíduos e famílias em uma grande rede, capaz de fornecer eletricidade estável e eficiente sem depender da rede elétrica tradicional, ao mesmo tempo em que oferece incentivos em tokens para os usuários finais.

Além disso, a Daylight afirmou que planeja lançar o DayFi no quarto trimestre, chamando-o de "protocolo de rendimento que conecta o capital DeFi a sistemas de energia do mundo real", permitindo que investidores obtenham rendimentos apoiados por receitas de eletricidade provenientes de um portfólio em expansão de sistemas residenciais de energia solar e armazenamento. No entanto, a Daylight não forneceu detalhes sobre essa parte do projeto.

Rede de energia conectando residências

O conceito de "usina virtual" foi proposto pela primeira vez pelo Dr. Shimon Awerbuch em 1997, em seu livro "Virtual Utilities: Description, Technology and Competitiveness of Emerging Industries", onde definiu o termo como: uma colaboração flexível entre entidades independentes e orientadas pelo mercado, que não precisam possuir ativos correspondentes para fornecer serviços de eletricidade eficientes aos consumidores. Essa definição estabeleceu o conceito central das usinas virtuais como plataformas de agregação e otimização colaborativa de energia distribuída.

A Plug and Play China já escreveu um artigo detalhando o conceito de usina virtual. O artigo afirma: "A usina virtual não é uma usina tradicional, mas sim um sistema de energia inteligente que agrega diferentes recursos, como cargas ajustáveis (interrompíveis), armazenamento de energia, microrredes, veículos elétricos e energia distribuída, permitindo controle autônomo e otimizado, participando da operação do sistema elétrico e do mercado de energia."

Atualmente, o desenvolvimento das usinas virtuais tornou o sistema bastante complexo, mas, em resumo, trata-se de um modelo que não limita o mercado de eletricidade a um fluxo unidirecional das usinas para os dispositivos consumidores. Em vez disso, utiliza tecnologia e dados para equilibrar oferta e demanda de energia, reduzindo desperdícios ou situações de fornecimento insuficiente.

A área de atuação da Daylight envolve tanto o lado da demanda quanto o de armazenamento de energia, e lançou um serviço de assinatura no início deste mês. O serviço oferece eletricidade mais econômica e estável para residências. Os usuários podem fixar o preço da energia, economizando em comparação com as empresas públicas de eletricidade, e os preços oferecidos pela Daylight são previsíveis, facilitando o planejamento do orçamento doméstico.

Os usuários da Daylight podem receber gratuitamente baterias de armazenamento e painéis solares, com custos de instalação, manutenção e substituição cobertos pela Daylight. Após a instalação, os usuários podem conectar seus equipamentos à rede Daylight e utilizar os recursos energéticos da rede. Quando a demanda por eletricidade aumenta em determinadas áreas ou entre determinados usuários, ou quando há escassez de energia, a Daylight distribui os recursos de forma eficiente, liberando energia armazenada para atender à demanda; por outro lado, quando há excesso de oferta e baixa demanda, a energia é armazenada.

Com base nisso, a receita da rede Daylight, além das tarifas de eletricidade dos assinantes, pode incluir a venda de eletricidade armazenada para a rede elétrica durante os picos de demanda, recebendo pagamentos externos. Segundo a Daylight, essa segunda fonte de receita retorna para a rede Daylight, reduzindo ainda mais o custo da eletricidade para as famílias dentro da rede.

Como assinantes, os usuários podem compartilhar dados de dispositivos conectados, como termostatos e veículos elétricos, ajudando a rede a operar de forma científica e eficiente por meio da análise de dados. Em troca, os assinantes recebem Sun Points, que podem ser trocados por cartões-presente, produtos e outros benefícios. No futuro, esses pontos serão substituídos por tokens. Claro, os usuários também podem optar por comprar os equipamentos diretamente, em vez de pagar uma assinatura mensal, podendo assim usar gratuitamente a energia gerada por seus próprios dispositivos.

Infelizmente, o projeto atualmente opera apenas nos Estados Unidos, não sendo possível experimentá-lo em outros países. De acordo com o site oficial, a Daylight já obteve licenças em Illinois, Massachusetts e Connecticut. Leitores residentes nos EUA podem tentar se inscrever no site para verificar se sua localidade é compatível com a rede do projeto.

Equipe vinda de bancos de investimento e empresas de energia renovável

Até agora, a Daylight concluiu três rodadas de financiamento. A rodada seed de 4 milhões de dólares ocorreu em 2022, mas não foi amplamente divulgada; sabe-se que contou com investimentos da IoTeX e do FutureMoney Group. A rodada Série A ocorreu em agosto de 2024, levantando 9 milhões de dólares, liderada pela a16z crypto, com participação da Framework Ventures, Lattice Fund, Escape Velocity e Lerer Hippeau. Com o anúncio da terceira rodada, o financiamento total da Daylight já chega a quase 100 milhões de dólares.

A equipe fundadora da Daylight é composta por quatro pessoas. O cofundador e CEO Jason Badeaux é formado pela Louisiana State University e foi analista no banco de investimento Piper Sandler, além de ter sido associado sênior na Bernhard Capital Partners, focada em investimentos em infraestrutura e energia. O cofundador e CTO Udit Patel foi analista sênior na Consolidated Edison, gigante americana do setor de energia.

Dallas Griffin, também cofundador, foi diretor executivo da Piper Sandler e já deixou a Daylight. O último cofundador, Evan Caron, é um empreendedor e investidor experiente, atuando simultaneamente como sócio fundador da empresa de armazenamento de energia HGP Storage e conselheiro estratégico da Haven Energy e Amperon. Em 2019, Evan Caron foi diretor da RiverStone Ventures, focada em investimentos no setor de energia, e em 2023 fundou a Montauk Capital como cofundador e Chief Investment Officer.

A "usina virtual" ainda precisa de validação de mercado

No setor tradicional de energia, já existem muitas empresas e indústrias de "usinas virtuais", mas no universo Web3, conceitos semelhantes ao da Daylight não são raros, embora ainda não haja muitos casos comprovados pelo mercado. A proposta da Daylight de conectar redes residenciais e gerar eletricidade com equipamentos solares ainda precisa ser testada quanto à quantidade de energia gerada, se haverá realmente excedente para armazenamento e se a energia armazenada será suficiente para cobrir déficits em situações especiais.

Tecnologicamente, a rede Daylight é mais especializada no setor de energia, com a integração ao Web3 ocorrendo principalmente no aspecto econômico, não sendo um projeto totalmente "Web3 Native". Além disso, o mercado-alvo pode nunca incluir a China. Em muitos países, incluindo os EUA, as empresas de energia não são totalmente estatais e o fornecimento em áreas não centrais é instável, o que oferece espaço para o desenvolvimento de usinas virtuais. O principal objetivo futuro da Daylight é expandir sua rede, e o "programa de embaixadores" lançado visa atrair mais famílias para o projeto.

Para investidores de outros países, caso queiram investir nos tokens do projeto após o lançamento, será importante acompanhar o desenvolvimento do setor de energia nos EUA, bem como o desempenho operacional do projeto. Além disso, o DayFi, que ainda não teve muitos detalhes divulgados, pode ser um novo campo de ativos interessante a ser explorado.