O que esperar do adiamento do corte de juros com a inflação do Reino Unido estável em 3,8% em setembro?

A inflação do Reino Unido permanece teimosamente alta em 3,8%, mantendo o Banco da Inglaterra cauteloso em relação aos cortes nas taxas de juros. O que isso significa para as criptomoedas?

Inflação do Reino Unido permanece estável em 3,8% em meio a tendências de preços mistas

Os dados mais recentes do Office for National Statistics mostram que a taxa anual de inflação do Reino Unido permaneceu estável em 3,8% em setembro, mantendo-se nesse patamar pelo terceiro mês consecutivo. Esse nível está abaixo do pico previsto anteriormente pelo Banco da Inglaterra (BoE) de 4%, mas ainda significativamente acima da meta de 2% do banco central. A inflação subjacente, que exclui componentes voláteis como energia, alimentos, álcool e tabaco, aumentou 3,5%, uma ligeira queda em relação aos 3,6% de agosto.

Os movimentos de preços em setores específicos contribuíram para o quadro geral. Os preços da gasolina e das passagens aéreas, embora tenham diminuído em comparação ao ano passado, ainda impulsionaram a inflação para cima, enquanto atividades recreativas e culturais, assim como alimentos e bebidas não alcoólicas, apresentaram quedas modestas nos preços. Essas tendências conflitantes mostram que a inflação pode estar próxima do seu ponto mais alto, mas provavelmente permanecerá elevada por algum tempo devido ao crescimento lento da produtividade e ao aumento constante dos salários.

O contexto econômico adiciona ainda mais complexidade. A economia do Reino Unido cresceu apenas 0,1% em agosto, indicando um ambiente de crescimento lento. Essa combinação de inflação moderada, porém persistente, e crescimento fraco deixou o BoE em uma posição difícil ao considerar o potencial para novos ajustes nas taxas de juros.

“A inflação alta corre o risco de se tornar enraizada no Reino Unido, devido a uma combinação de produtividade decepcionante e crescimento salarial rígido. Esperamos que o Banco da Inglaterra mantenha as taxas de juros inalteradas até o final de 2026, e não descartamos que o próximo movimento possa ser de alta,” disse George Brown, economista sênior da Schroders.

“Não estamos esperando por um corte em novembro, que consideramos praticamente fora de questão. Os mercados agora veem um corte em dezembro como mais provável, mas ainda não estamos totalmente convencidos, e acreditamos que a inflação elevada pode impedir qualquer flexibilização adicional até pelo menos fevereiro,” disse Matthew Ryan, chefe de estratégia de mercado da empresa global de serviços financeiros Ebury.

Na prática, os mercados agora veem um corte na taxa em dezembro como mais provável do que em novembro, embora alguns acreditem que a inflação elevada pode impedir uma flexibilização adicional até o início de 2026.

Implicações para as criptomoedas

A persistência da inflação elevada e a incerteza em torno da política do BoE podem alimentar a volatilidade de curto prazo para as criptomoedas, especialmente em um mercado já abalado pela recente queda desencadeada pelo aumento das tensões comerciais entre EUA e China, particularmente pelo anúncio de uma tarifa de 100% sobre as importações chinesas por Donald Trump. O anúncio levou a um pânico generalizado, resultando na liquidação de aproximadamente 19 bilhões de dólares em posições alavancadas em poucas horas. Ethereum (ETH) e várias altcoins também sofreram perdas de dois dígitos.

Ao mesmo tempo, os EUA estão lidando com uma inflação acima do normal, uma longa paralisação do governo e problemas contínuos na cadeia de suprimentos. Tudo isso aumenta a incerteza global e afeta os mercados em todo o mundo — incluindo as criptomoedas. Olhando para frente, os fluxos de refúgio seguro para Bitcoin (BTC) e outros tokens consolidados podem aumentar, enquanto altcoins menores podem permanecer particularmente vulneráveis a liquidações repentinas.